Nesta semana, fui convidado a participar do grupo "Caldo & Poesia" que se reúne no Bar do Zé, na Vila Prudente, para tomar um caldo e mandar ver na Poesia!
Ainda não tive a oportunidade de aparecer por lá mas, já no espírito do negócio, compartilho com vocês a melancólica poesia de Fernando Pessoa que fala de amor e... dobradinha!!! Tudo a ver com este blog!
Dobrada à Moda do Porto
Álvaro de Campos
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Tudo a ver, Taka!
ResponderExcluirMesmo que a dobrada à moda do Porto tenha vindo fria, os versos de Fernando Pessoa estão sempre na quentura ideal.
Grato por esta deliciosa homenagem ao Caldo & Poesia, cujo lema é "Alimento pro corpo e pra alma".
Obrigado, Osvaldo!
ResponderExcluirVou fazer deste lema o meu também!
Um grande abraço!