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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Rangando no Cinema (2): Blade Runner (!?)

Eu havia feito um post magnífico mas o Blogger fez o enorme favor de apagar tudo... Mas lá vai... Vou fazendo tudo de novo. Espero que fique tão bom quanto o outro texto...

Reclamação feita, a sessão de hoje é BLADE RUNNER, O CAÇADOR DE ANDRÓIDES. Como assim?! Ok, poderia estar falando de Festa de Babette ou Sem Reservas (certamente em algum momento falarei), mas acordei com uma certa inquietude que me faz pedir distância de certos clichês... Na verdade tenho dois motivos para lembrar deste filme: lançado em 1982, está completando completando 30 anos; e segundo porque ao revê-lo, reparei em algo que não havia notado antes...

Neste clássico da ficção científica do diretor Ridley Scott, o veterano caçador de andróides Deckard (Harrison Ford) é recrutado para destruir alguns andróides que saíram da lua para matar o criador deles. A beleza do filme está em nos dar um nó na cabeça, pois iniciamos o filme torcendo para o protagonista mas em seu decorrer não sabemos mais quem é bandido ou mocinho. É um daqueles filmes que nos deixam inquietos.

Tudo é escuro e soturno.  O cenário é um planeta Terra do futuro, onde o oriente e o ocidente parecem ter fundido numa coisa só, mas o que chama a atenção são as referências ao Japão e à China. Uma enorme tela projeta a figura de uma gueixa e Deckard se alimenta de hashi numa espécie de trailler, como num yatai.

Numa dessas cenas, repararam que o caçador pede um Tsing Tao?! Mas no filme a bebida não é uma cerveja - talvez para não concorrer com o merchand da BudweiserA garrafa que ele recebe contém um líquido translúcido... 


Ao final do filme, Deckard aparece bebendo o que parece ser o tal do Tsing Tao num shot glass... Seria Vodka? Um mé, uma branquinha? Ou seguindo a lógica até então traçada, algum destilado oriental como Shochu ou Soju? Mao Tai?



O Tsing Tao da vida real é o nome da cervejaria mais famosa e antiga da China (CLIQUE AQUI para conhecer o site oficial da cervejaria). Sediada na cidade portuária  homônima (com a nova padronização da romanização da língua chinesa, virou Qingdao) na província de Shandong, a nordeste de Pequim. Do final do século XIX até 1914, a região foi cedida para alemães, que fizeram a cidade desenvolver forte vocação comercial e industrial. Neste contexto foi inaugurada em 1903 a Germania-Brauerei que, mais tarde, com sua aquisição por um grupo sediado em Hong Kong teria seu nome mudado para Tsing Tao.

Tive duas oportunidades de degustar a Tsing Tao Lager: Em Pequim, em garrafa de 500ml comprada em uma loja de conveniência. A temperatura estava bem acima do recomendado, mas fresca - percebi que os chineses gostam das bebidas sempre acima da temperatura ambiente, quase mornas. Refrescante, corpo leve, simples tanto no nariz como na boca e com doçura perceptível. De modo geral agradável e harmônico. (Senti certos toques de especiarias, mas confesso que devo estar enganado, pois tudo naquele ambiente cheirava a anis estrelado ou pimenta Sichuan...). Mas, diante de suas características, julguei ser uma ótima opção para escoltar a vigorosa cozinha de Pequim.

A segunda foi no restaurante Rong He, em São Paulo, em lata e bem gelada. No copo, espuma abundante e persistente. Neutro no nariz, sem defeitos aparentes (talvez mascarada pela temperatura). Na boca, baixa carbonatação; uma doçura acentuada (que me incomodou um pouco) e um certo desequilíbrio... Enfim, achei a que tomei na terra de Mao melhor. 

Pondero que essa diferença pode ter acontecido por conta do próprio procedimento de importação. A cerveja é produto bastante sensível às oscilações de temperatura e iluminação; precisa de certos cuidados para manter sua qualidade. Pode parecer exagero meu, mas não acredito que produtos chineses cheguem com qualidade boa/ótima ao Brasil, até porque sua demanda não justifica altos investimentos em conservação no transporte de cerveja. 

Para se ter idéia, uma viagem do sudeste asiático até o porto de Santos por um navio cargueiro leva entre 30 e 40 dias. Isso sem contar os trâmites burocráticos do desembaraço da mercadoria, já que em Santos a liberação pode levar até 20 dias; e ainda o pente fino que os produtos do oriente estão passando por conta da portaria da ANVISA que versa sobre os produtos alimentícios importados do Japão. É por isso tudo que os rótulos das cervejarias japonesas encontradas por aqui são aquelas fabricadas nos EUA e Canadá.

É isso...

terça-feira, 29 de maio de 2012

Rangando No Cinema (1): Un Cuento Chino


Neste filme dirigido e escrito por Sebastián Borensztein, Roberto (o Ricardo Darín), um sujeito cheio de manias, acaba por receber o perdido chinês Jun (Ignacio Huang) em sua casa. Mais engraçado que o choque de culturas é a imagem caricata do argentino turrão que ótimo ator traz à vida.


A primeira refeição que Jun faz na casa de Roberto é um prato com Morcilla (chouriço), Chinchulines (intestino bovino) e Criadilla (testículos). Rango fantástico para os iniciados, mas uma bizarridade quando oferecido a um gringo visitando sua casa. Serve para caracterizar bem o tipo que o anfitrião é: duro, pregado em suas raízes, inflexível, quadrado... 


Comé. Comé.
Eso es morcilla. Puro hierro, vaca argentina, nada de vaca loca.
Eso es un invento de los ingleses que se pusieron a joder con la genética.
Ese de ahí… eso es Criadilla. Criadilla. Un manjar.
Acá no lo come nadie. Hígado, comen. Chinchulines, riñón…
Los huevos no; les da impresión.
Manga de boludos.



Em minha última visita a Montevidéu, fui recebido com uma bela Parrillada. O anfitrião, bastante diferente de Roberto mas parecido quanto ao gosto pelos miúdos, fez considerações interessantes sobre a Criadilla. Disse-me que era o melhor a se comer do boi e que se devia assar logo após abater o animal, sem tempero algum. Cada um dos comensais ficava com um copo cheio de salmoura e uma faca. Comia-se após mergulhar as lascas nesse tempero, com a própria mão. Genial, não?

Mais tarde, Mari (Muriel Santa Ana), paixão reprimida de Roberto e que está visitando a cidade, convida-os para jantar. O prato escolhido é o Puchero:

- Bueno, mirá, yo esta noche voy a hacer un puchero… 
y le voy poner de todo, calabacita, papita, garbancito, pollito, caracú…y me encantaría que vengas.

O Puchero é um prato tradicional dos países hispanofalantes. Trata-se de uma panelada, onde carnes, linguiça, presunto, leguminosas e vegetais são cozidos todos juntos. Na América do Sul, é tradicionalmente acompanhada de milho cozido. O do filme está caprichadíssimo, com Caracú (ossobuco)! Dá água na boca só de pensar em sugar o tutano!

E o papo durante o jantar é ótimo: 

- Tendrías que haber hecho fideos.Va a pensar que somos unos cavernícolas.
- No lo mires así Rosa, lo vas a inhibir.
- Se ve que le gusta, ¿eh?
- ¿Y cómo no le va a gustar?
- Son millones y millones comen lo que hay, no preguntan como vos.
- Son sabios. Comen escorpiones, serpientes, hormigas.
- Estás seguro que no entiende


É isso. Até a próxima sessão!

....................
UN CUENTO CHINO (Um conto Chinês)
Escrito e dirigido por Sebastián Borensztein
Com Ricardo Darin, Ignacio Huang, Muriel Santa Ana.
Argentina, 2011.

sábado, 26 de maio de 2012

Rangando no Cinema (0)

Adoro cinema. Adoro gastronomia. Adoro vinhos. Adoro cerveja. Adoro café... Porque não misturar tudo? 


Apesar de cinéfilo, confesso que não entendo nada de luzes, câmeras, fotografia e afins. Não consigo sequer decorar o nome de diretores e atores... Por isso o que farei aqui é fazer comentários sobre os filmes do olhar de um foodie inveterado e comilão assumido!

Enjoy!!!